
A viagem demorou cerca de 19 horas sem parar, a não ser para por gasolina, comer, tomar café ou mudar de condutor. Cinco gajos num carro, mais 13 pranchas, duas malas cheias de material fotográfico e ainda as nossas malas e mochilas... uma verdadeira obra de engenharia!
Chegámos a Cambridge mortos, ainda andámos perdidos e com alguma dificuldade lá nos conseguimos arrastar até casa da mãe do Justin onde caímos mortos durante umas 5 ou 6 horas em sono profundo.
Acordámos, e a primeira missão foi tentar saber o que é que se passava... tudo na mesma! Não havia comboios, não havia aviões, o carro não podia ser deixado do lado de França, muito poucas soluções, ou quase nenhumas! Após um longo dia onde foram vistas e revistas todas e quaisquer hipóteses que tinhamos para sair dali, ficou decidido que iriamos fazer de tudo para chegar a tempo ao campeonato de França, onde entretanto estavam a par do pessoal que estava preso na Escócia e deram 2 dias de espera de forma a que todos tivessem tempo de lá chegar. A solução foi pagar a uma carrinha com dois motoristas que nos levassem de Inglaterra até Portugal, pois havia uma carrinha que saía naquela noite e fazia esse trajecto, pegar no nosso carro em Portugal e arrancar para França (uma viagem de loucos).

E foi isso que foi feito!! Aproveitámos o resto da tarde para conhecer a cidade de Cambridge, relaxar um bocado e à meia noite encontrámo-nos com a carrinha, fomos a casa buscar os sacos e fizemo-nos a estrada.
As 4 horas da manhã estávamos a apanhar o "ferriboat" para França, 5h30m/6h estavamos em França e depois foi sempre a dár-lhe sem parar até chegar a casa, viagem que demorou 32 horas. Chegámos quadrados, com as costas desfeitas, sonos alterados, completamente partidos!
Já com desistências na caravana que teria de arrancar no dia seguinte para França, eu o Edu e o Ximenez, decidimos que ia-mos dormir no máximo até ao meio dia e ver o que se passava com o campeonato em França e se valeria a pena arrancar ou não. Cada um para sua casa, para finalmente dormir numa cama onde já não dormiamos desde a Escócia, nada mais nada menos que 5 dias a dormir no chão e em bancos de carros. Estava eu a dormir ferrado quando me entra por casa a dentro o Edu, impossível, a dizer que a organização do campeonato tinha deixado os nossos heats, juntamente com os de outros atletas em espera até ao dia seguinte e os nossos eram logo dos primeiros do dia seguinte, ou seja, tínhamos de arrancar já para chegar a tempo dos nossos heats...
Até lá então!
JG

Fotos: 1-Obrigado Justin! 2-Muitas horas de carro dá nisto... 3-Guiness só se for em quilómetros percorridos!




O Justin teve heat 1º do que eu e aproveitei para ficar a estudar as condições, que aos meus olhos estavam impossíveis de se conseguir fazer fosse o que fosse. Ondas de um metro completamente desfeitas pela força do vento tentavam-se alinhar na perfeita lage que naquele dia mais parecia um "beach break" dos mais desordenados que há. Para ajudar à festa a maré estava a subir e a corrente que se fazia sentir no pico era exactamente para dentro do rio o que juntamente com as luvas e o fato 5/4/3, fazia com que as remadas para chegar ao pico fossem uma verdadeira odisseia (cheguei mesmo a pensar que nao ia chegar ao outside). O Justin perdeu a precisar de um 2,80 que naquelas condições parecia uma coisa quase impossivel, o que se comprova, pois toda a gente sabe o alto nivel de surf dele e mesmo naquelas condições não conseguiu aquele "low-score".
Voltamos para o quarto prestes a entrar em depressão total, quando passado uma hora aparece o Edu e o Ximenez com cara de desespero a dizer que estávamos presos na Escócia por causa dum vulcão e que os aeroportos estavam todos fechados sem data prevista para voltarem a abrir, tudo dependia da direcção em que ia a nuvem de cinzas. Depressão total! Se até aí já não tinha sido fácil, agora estava negro... Não percam o próximo episódio!